Como já foi
dito diversas vezes durante as Semanas de Culto, Heru-wer é um deus guerreiro, das
batalhas, lutas e disputas, fortemente ligado também aos ganhos financeiros, no
entanto, seu principal arquétipo é a Guerra. No entanto, precisamos deixar
claro que a rotulação de arquétipos para as divindades keméticas são dificilmente
aplicáveis, pois eles, diferentemente de outras divindades como gregas e
romanas, são deuses mutáveis. Ora são, 5000 anos de culto, a visão dos deuses e
sua forma de culto muda com o tempo.
A partir disso
podemos relacionar Heru-wer a diversas outras divindades guerreiras ao redor do
mundo, podendo ser: na mitologia grega é Ares, na romana é Marte, na nórdica é Odin
entre outras tantas divindades ligadas a guerra. No entanto, vamos nos limitar
territorialmente em África (temos que ressaltar isso, Kemet e o Kemetismo são
tradicionalmente africanos), nesse caso, fazer uma singela relação a um outro
deus bastante conhecido, que também teve sua forma de culto modificada através
do tempo. Iremos relacionar Heru-wer e Ogum, o deus da guerra Yoruba.
Assim como as
divindades keméticas, as divindades yorubanas não são facilmente rotuladas ou limitadas
em algum arquétipo, com Ogum isso não seria diferente. No entanto, sua postura
de guerreiro é clara, assim como seu irmão de continente, o deus Heru-wer.
Primeiramente,
vamos saber, quem é Ogum.
Ogum ou Ogulê (em
iorubá: Ògún) é, na mitologia yorubá, o orixá ferreiro, senhor do ferro, da
guerra, da agricultura e da tecnologia. O próprio Ogum forjava suas
ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura e para a guerra. Na
África, seu culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e
Oyo. Era o filho mais velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, representado
materialmente e imaterial no candomblé através do assentamento sagrado
denominado igba ogun. Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada
pelos povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun,
que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado
'Ire-Ekiti'. É também chamado de Ògún, Ogoun, Gu, Ogun e Oggún. Sua primeira
aparição na mitologia foi como um caçador chamado Tobe Ode.
A partir
disso, vamos limitar o arquétipo em comum dessas duas divindades, o de guerreiro.
Essas duas
divindades africanas, Heru-wer e Ogum, sempre são exaltados quando são assuntos
de disputas, vitórias e ganhos. Deuses que abre os caminhos e vence as lutas,
agindo pelo instinto para defender e proteger os mais fracos. Todas as lutas,
as conquistas, as vitórias são presididas por essas duas divindades. O conceito
de defensor dos mais fracos, lutas contra o mal, lutas contra o caos são
bandeiras desses deuses.
Outra relação
importante que podemos levantar entre Heru-wer e Ogum, são suas cônjuges. Esses
dois deuses guerreiros foram casados ou tiveram um relacionamentos com deusas
ligadas ao amor e a sedução: Heru-wer casado com Hethert e Ogum com Oxum.
Mostrando que para os povos africanos, a Guerra sempre estava ligada ao amor e
as paixões.
Ogum não é a
única divindade Yorubana que pode ter relações com Heru-wer. Alguns também podem
fazer uma relação também com Xango, senhor do fogo e o grande Rei de Nagô, no
entanto, Heru-wer não tem uma ligação a instituição monárquica, para os
Keméticos, a figura de legitimidade monárquica divina é Heru-As-Aset. Assim, Heru-wer é o Monarca Guerreiro,
não o Monarca que governa.
Por fim,
queremos ressaltar que não é intenção dessa matéria fazer uma espécie de
sincretismo entre essas duas divindades, apesar de pertencerem a um mesmo
continente, eles têm suas egrégoras distintas, possuem outros atributos e
merecem ser cultuados de forma separada em respeito e honra a seus nomes e as
suas energias.
Que todos os
deuses da guerra, em especial Heru-wer e Ogum possam nos abençoar em nossas
batalhas diárias!
Dua Heru-wer!
o//
Ogunhê Ogum!
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