sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Deuses de Supermercado


Quando comecei a estudar bruxaria, eu estava mais interessado em Resultados, coisas extraordinárias que eu pudesse fazer em minha vida, e acredito que isso é o que mais atrai os novos praticantes da magia oculta. No entanto, acredito também que essa atitude esta impregnada em nossa cultura contemporânea, onde não se aprofunda em nada e só se busca o resultado e o proveito, algo útil. Vi uma coisa interessante no facebook que é algo latente hoje em dia: “as pessoas não querem saber de Deus, eles querem o milagre”. Isso não esta sendo um defeito somente do cristianismo, vemos muito isso no paganismo, pois muitas vezes vemos praticantes citando os deuses como só mais um elemento de um feitiço ou de um ritual especifico, algo como um ingrediente que se encontra numa loja esotérica, ou num supermercado. Sim, o capitalismo chegou no Plano Divino, e as pessoas  estando os tratando como Deuses de Supermercado.

Onde esta o culto? Onde esta o respeito? Onde esta a adoração?

Os deuses vivem através de nos, mas de fato, eles não precisam de nos para existirem, os deuses são alto suficientes e sempre estão trabalhando por nos, mas eles continuam sendo deuses e nos continuamos sendo humanos, suas criações. Os deuses de forma alguma são simples ingredientes de um rito, ou de um feitiço, é um desrespeito tratá-los como tal, então porque ainda os invocamos somente para assuntos específicos e querendo unicamente que eles nos ajude? Colamos num pratinho alguma oferenda, invocamos um deus ou uma deusa, e buscamos resultados e se eles não atenderem, ainda sujamos seu nome. É um absurdo isso!


A religião pagã, seja ela neo ou não, se baseia em práticas da antiguidade, e quando olhamos o passado, não vemos esse fenômeno de “deuses de supermercado”, não iam no Templo de Afrodite somente mulheres solteiras em busca de marido, eles também a cultuava, a adorava, sem busca de “resultados ou  milagres”, existiam pessoas de fato dedicadas unicamente a divindades especificas e que prestavam culto a essa divindades, por amor e respeito, não somente em busca de milagre, pois o milagre é um reação, é algo que vem quando se precisa.

Pelo menos na espiritualidade pagã, não existe essa da divindade exigir adoração ou exclusividade, eles não querem isso, eles querem que sejamos livres, mas acredito que diminuí-los a ingredientes é algo profano, pois os deuses são algo muito além do sagrado, são algo divino!

Isso não quer dizer que você não possa invocar um deus da fartura para seu ritual ou feitiço de prosperidade, claro que pode, e eles ajudaram com todo amor, mas por favor, tenha consciência de sua divindade,  agradeça sempre, respeite sempre. Se possível, dedica-se ao culto de uma divindade especifica com que você se atraia, preste cultos, faça isso gratuitamente, com amor e respeito, você fazendo isso não será menos pagão, os deuses, todos eles estão com você, prestar culto é uma forma de agradecer pelo simples fato de você estar respirando, agradecer pelo sol que se levanta no horizonte, agradecer por você conseguir acordar e por você esta vivo, isso por si já é um grande milagre.


Deuses, são DEUSES, nunca abaixo disso e eles tem que ser tratados como tais!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Comunidade na Ortodoxia Kemética



Os antigos keméticos valorizaram sua comunidade. A sociedade egípcia, que muitas vezes poderia parecer rígida a intransponível, era uma comunidade que se apoiava mutuamente, não permitindo jamais alguém ser solitário. Dessa forma, podemos ver que os antigos keméticos eram pessoais sociáveis, que davam importância em sua comunidade e a sua família e isso era uma das bases de toda a cultura egípcia. Assim, não poderia ser diferente na Ortodoxia Kemética, que busca resgatar os mesmos valores da antiguidade, buscando assim formas não só de praticar a fé, mas formas de vida e ética.

A comunidade faz parte de um dos 5 pilares da fé Ortodoxa Kemética, possuímos um sistema hierárquico consolidado, que em nenhum momento elucida uma desigualmente entre os praticantes, mas é simplesmente uma forma de organização. Em nenhum dos “graus” os praticantes se tornam melhores que os outros, ou ficam mais perto de Netjer, de forma alguma, as nomenclaturas só definem o envolvimento da pessoa com a religião, são na verdade quem possui mais obrigações dentro da comunidade. Existe um incentivo de respeito mutuo entre todos na fé, e é esses respeito, amor, dedicação e união de todos da comunidade que fortalece os pilares da religião. A comunidade é divida em Remetj que na tradução e “O Povo” que são todos os que fizeram o curso inicial denominado Zep-Tepi mas que não possui um envolvimento grande com a religião; em Shemsu que na tradução seria “Seguidores” de Netjer e do Rei são aqueles que se dedicam a Ortodoxia Kemética e passam pelo Rito Divino Parental (em inglês: Ritual Parent Divination) ou simplesmente RPD; Shemsu-Ankh que traduzindo é “Servos que Jura” que são aqueles que possui uma total dedicação a Ortodoxia Kemética e passam por um ritual especifico de iniciação; Shemsu-W’ab que traduzindo é “Servos da Pureza”; Imakhu que traduzindo são os “reverenciados” que são os sacerdotes de fato, podemos ser também os administradores da religião em certas localidades.

Assim como na antiguidade, não tem como um ortodoxo kemético praticar a fé sem comungar com a comunidade. Mas como isso acontece uma vez que não somos mais uma nação com um local definido no mapa? Como unir e criar laços uma comunidade que na atualidade está espalhada por todo o globo terrestre, divido pela geografia e muitas vezes divididos pela língua? A Internet é a chave para essa questão, onde na fé, temos os eventos offline e os eventos online que sua maior intenção é unir a comunidade num laço familiar. Os eventos Offline são aqueles encontros fora da internet, seja no Templo em Illinois – EUA onde fica a sede da House of Netjer e a Casa Tawy onde muitas vezes abriga grande encontros de comunhão como o Wep Ronpet que é o ano novo kemético. Esses eventos também podem acontecer em lugares onde possuem a oportunidade de terem encontros seja para ritos, comemorações de festivais ou até mesmo uma simples comunhão de idéias. No entanto, o maior encontro de keméticos está na internet, onde por meio de diferentes chats quase que diários, membros da fé tem a oportunidade de conversar, tirar duvidas e aprender. Todavia, esses chats são todos em inglês, o que em certos casos, pode dificultar o dialogo, mas em momento algum pode servir de empecilho para a prática da fé, pois todos nos somos uma única família.

Como Ortodoxo Kemético brasileiro, sempre tive muita dificuldade em participar desses chats oficiais, exatamente por ainda não compreender totalmente o inglês, mas com um pouco de paciência e de Google Translate é possível aprender e comungar com toda a Comunidade Ortodoxa Kemética. O conceito de Comunidade é forte e latente na fé, particularmente, busco sempre estreitar laços com todos na fé, principalmente aos quais compartilho a mesma língua portuguesa, nesses encontro um sentimento familiar e de união muito grande, nos tratamos realmente como familiares, buscando tirar duvidas, conversando sobre a nossa fé, ou simplesmente para rir e conversar sobre assuntos diversos. Nos alegramos com as vitórias de cada um, nos protegemos, nos preocupamos um com os outros, enfim, buscamos sempre estar presente na vida de todos os sentidos, pois somos uma família, uma comunidade! Na Ortodoxia Kemética sabemos que jamais estamos sozinhos, somos acompanhados tanto por nossos Deuses e Deusas, quanto pelos nossos irmãos da fé, que podem não estar na mesma rua ou cidade, mas por meio da internet, se fazem mais presentes que muitos que moram até mesmo dentro de nossas próprias casas, sinto-me agraciado por fazer parte dessa família que me ensinou o verdadeiro conceito de união e comunhão familiar, me ensinando amar não somente minha família de fé, mas também minha família biológica, pois todos esses são a base de toda a sociedade e cultura.