quinta-feira, 26 de maio de 2016

30 Semanas de Heru-wer: Semana 18 - Há alguma distinção de gênero e sexualidade no culto a essa deidade? Historicamente e gnose pessoal.

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É difícil explorar a fundo como era o culto à Heru-wer na antiguidade, desde que eu não sou egiptólogo ou pesquisador da religião egípcia. Na antiguidade, creio que os keméticos se voltavam para os Nomes que mais se identificavam ou que precisavam do auxílio para determinada situação. Por exemplo, alguns Deuses incluindo Heru-wer eram honrados pelo rei e seus guerreiros para que os ajudassem nas batalhas, e outros eram louvados para questões de saúde para o bebê que estaria prestes a nascer, como Khnum, Taweret e Bes.

É compreensível que, na maioria, eram homens que se devotavam a Heru-wer, mas isso não era impedimento para que uma mulher prestasse culto a Ele, e nem mesmo os homens estavam privados de cultuar Hethert, Nome ligado a beleza e desejo sexual feminino, por exemplo. De alguma forma, os keméticos antigos sabiam que cultuar seus Deuses era mais importante do que quem iria cultuá-los. Os deuses não possuem rótulos como as embalagens de desodorante: for men, for women, unissex etc

Hoje, na Kemetic Orthodoxy, é visível que os Deuses não possuem uma preferência de sexo/gênero em relação aos seus devotos. E se eles tem esta ou qualquer outra preferência, isso não demonstra rejeição ou ódio para o devoto, e sim que os Deuses tem preferências como os humanos também possuem. Mas, existem filhos de Heru-wer de ambos os sexos e todos os gêneros. Na minha opinião, gênero/sexo não é uma grande preocupação para os Deuses, pois as pessoas são mais do que seus genitais e gostos sexuais.


quinta-feira, 19 de maio de 2016

30 Semanas de Heru-Wer: Semana 17 - Como Heru-wer se relaciona com outras divindades de outros panteões?

Como já foi dito diversas vezes durante as Semanas de Culto, Heru-wer é um deus guerreiro, das batalhas, lutas e disputas, fortemente ligado também aos ganhos financeiros, no entanto, seu principal arquétipo é a Guerra. No entanto, precisamos deixar claro que a rotulação de arquétipos para as divindades keméticas são dificilmente aplicáveis, pois eles, diferentemente de outras divindades como gregas e romanas, são deuses mutáveis. Ora são, 5000 anos de culto, a visão dos deuses e sua forma de culto muda com o tempo.

A partir disso podemos relacionar Heru-wer a diversas outras divindades guerreiras ao redor do mundo, podendo ser: na mitologia grega é Ares, na romana é Marte, na nórdica é Odin entre outras tantas divindades ligadas a guerra. No entanto, vamos nos limitar territorialmente em África (temos que ressaltar isso, Kemet e o Kemetismo são tradicionalmente africanos), nesse caso, fazer uma singela relação a um outro deus bastante conhecido, que também teve sua forma de culto modificada através do tempo. Iremos relacionar Heru-wer e Ogum, o deus da guerra Yoruba.
Assim como as divindades keméticas, as divindades yorubanas não são facilmente rotuladas ou limitadas em algum arquétipo, com Ogum isso não seria diferente. No entanto, sua postura de guerreiro é clara, assim como seu irmão de continente, o deus Heru-wer.

Primeiramente, vamos saber, quem é Ogum.
Ogum ou Ogulê (em iorubá: Ògún) é, na mitologia yorubá, o orixá ferreiro, senhor do ferro, da guerra, da agricultura e da tecnologia. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura e para a guerra. Na África, seu culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filho mais velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, representado materialmente e imaterial no candomblé através do assentamento sagrado denominado igba ogun. Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun, que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado 'Ire-Ekiti'. É também chamado de Ògún, Ogoun, Gu, Ogun e Oggún. Sua primeira aparição na mitologia foi como um caçador chamado Tobe Ode.
A partir disso, vamos limitar o arquétipo em comum dessas duas divindades, o de guerreiro.
Essas duas divindades africanas, Heru-wer e Ogum, sempre são exaltados quando são assuntos de disputas, vitórias e ganhos. Deuses que abre os caminhos e vence as lutas, agindo pelo instinto para defender e proteger os mais fracos. Todas as lutas, as conquistas, as vitórias são presididas por essas duas divindades. O conceito de defensor dos mais fracos, lutas contra o mal, lutas contra o caos são bandeiras desses deuses.

Outra relação importante que podemos levantar entre Heru-wer e Ogum, são suas cônjuges. Esses dois deuses guerreiros foram casados ou tiveram um relacionamentos com deusas ligadas ao amor e a sedução: Heru-wer casado com Hethert e Ogum com Oxum. Mostrando que para os povos africanos, a Guerra sempre estava ligada ao amor e as paixões.
Ogum não é a única divindade Yorubana que pode ter relações com Heru-wer. Alguns também podem fazer uma relação também com Xango, senhor do fogo e o grande Rei de Nagô, no entanto, Heru-wer não tem uma ligação a instituição monárquica, para os Keméticos, a figura de legitimidade monárquica divina é Heru-As-Aset. Assim, Heru-wer é o Monarca Guerreiro, não o Monarca que governa.
Por fim, queremos ressaltar que não é intenção dessa matéria fazer uma espécie de sincretismo entre essas duas divindades, apesar de pertencerem a um mesmo continente, eles têm suas egrégoras distintas, possuem outros atributos e merecem ser cultuados de forma separada em respeito e honra a seus nomes e as suas energias.

Que todos os deuses da guerra, em especial Heru-wer e Ogum possam nos abençoar em nossas batalhas diárias!

Dua Heru-wer! o//
Ogunhê Ogum!